segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Por Inês Calhias, Joana Sousa, Joana Varela, Mafalda Ferreira

Jean Campiche, Maria Barbas e Inês Messias, docentes da Escola Superior de Educação de Santarém, vieram ao Algarve no dia 17 de Novembro com o intuito de promover junto dos alunos da UAlg o metaverso Second Life.

O programa da iniciativa, que decorreu ao longo de todo o dia na Escola Superior de Educação e Comunicação, incluíu, durante a manhã, uma palestra que proporcionou um olhar mais teórico sobre a plataforma. Durante a tarde realizou-se um workshop que teve por objectivo, como explica a Prof.ª Inês Messias, «cativar os estudantes para o Second Life», para que adquirissem as «capacidades mínimas para conseguirem ser criadores dentro do Second Life».

«Mundo virtual 3D que tem o mesmo que na realidade»

O Second Life é um metaverso que permite a criação de uma segunda identidade, num mundo virtual, e também uma maior comunicação entre pessoas de vários países. Jean Campiche resume: «Second Life é um sítio do mundo». As potencialidades pedagógicas deste metaverso consistem na comunicação, trabalhos colaborativos, simulação, empregabilidade e espaço de construção. As expectativas para quem usa este metaverso passam, na perspectiva de Maria Barbas, por construir, programar e comunicar.

Na sessão teórica os professores apresentaram uma ilha criada por eles: a SLESES. Baseados no programa pioneiro da universidade de Aveiro da criação de uma ilha virtual, a professora Maria Barbas, juntamente com um grupo de 18 pessoas, desenvolveu o projecto de uma ilha que se assemelhasse à ESE de Santarém. Este espaço tem como características a importação de espaços da escola, como por exemplo, o observatório de avaliação, a tuna, a galeria, a associação de estudantes, as salas de aula, a arena e os anfiteatros, entre outros. No âmbito do projecto, foi ainda criado um espaço denominado «E-Café», para que estudantes de outras escolas pudessem frequentar a ilha.

A criação de um espaço dentro do Second Life é um processo bastante complexo, como indica a Prof.ª Inês Messias: «A ilha das SLESES demorou três semanas a construir (…) Por termos um tempo tão restrito, por exemplo, trabalhámos cerca de 14 horas por dia». A construção de qualquer objecto dentro do SL demora um tempo considerável, pois «dentro do Second Life convém primarmos sempre pelo pormenor. Quanto mais cuidadas forem as coisas mais interessantes são de ver (...) É um trabalho que requer ser por gosto».

Para aceder ao Second Life é necessário criar um Avatar, representação virtual de cada indivíduo. Os professores explicaram que os utilizadores escolhem o seu nome pessoal ou o nome pelo qual são habitualmente conhecidos, não se importando em expor a sua identidade real. Quanto ao perfil, a aparência pode ser idêntica ao mundo real, tanto a nível físico, vestuário e estilo.

Os entraves ao SL

Um dos problemas destacados sobre o SL refere-se aos conteúdos restringidos aos menores de 18 anos. Estão a ser tomadas medidas para trazer para o Second Life pessoas mais jovens: «Pôr essas ilhas todas com conteúdos para adultos para um certo local do Second Life e o resto ficar livre (…) A maior parte das pessoas que lá vai não é só pela parte comunicativa mas também pela parte de simulação». Para apaziguar este aspecto negativo, a Prof.ªInês refere existirem projectos a nível das ciências, em que biólogos, cientistas e investigadores realizam trabalhos colaborativos dentro do Second Life, à distância e em tempo real. Outro problema também destacado foi que o metaverso exige uma boa placa gráfica e um bom disco no computador, assim como internet rápida, para que funcione na perfeição. Porém, estas condições não são verificáveis em muitos dos computadores utilizados para aceder ao SL. «Gostava de poder utilizar o Second Life sempre que me apetecesse. Após participar no workshop fiquei interessado, mas não sei se a placa gráfica do meu computador vai aguentar», comenta Daniel Lopes.

Workshop

O período da tarde foi dedicado à exploração do SL por parte dos alunos inscritos no workshop. Após a criação dos seus avatares, os alunos tiveram oportunidade de aceder ao programa e descobri-lo. Esta formação permitiu que os participantes interagissem dentro do SL e adquirissem as competências base para navegar no programa.

Na opinião da Prof.ª Inês Messias, o objectivo geral foi cumprido, tanto nesta formação como em outras que realizou, o que a leva a observar que «O feedback tem sido extremamente positivo».
Relativamente aos participantes do workshop, eram na sua maioria alunos do curso de Ciências da Comunicação que se disponibilizaram a partilhar as suas opiniões sobre o mundo virtual com a redacção 2.3. Mais de metade dos utilizadores mostraram-se curiosos em relação à «segunda vida» e, na componente prática da jornada, não puderam deixar de soltar algumas gargalhadas à medida que iam explorando o programa: «É, sem dúvida, um meio de comunicação eficaz e tem grandes contornos de interacção e empreendimento comunicativo», nota Daniel Lopes. Contudo, alguns utilizadores não acharam tanta piada ao programa e, como diz Cristina Pereira: «Não fiquei com a noção do que realmente todo aquele espaço me pode ser útil», acrescentando ainda :«Na minha primeira experiência fui assediada por um avatar nu». Este mundo virtual foi criado com fundamentos educativos, culturais e profissionais, mas muitos dos utilizadores usam este meio para conhecer pessoas e pôr em prática «a arte de sedução», na visão de Cristina. Já João Teixeira confessa «Não vou viver uma segunda vida, vou só e simplesmente viver a minha única vida».

Presente e Futuro do SL

A respeito da importância deste programa em Portugal, Inês Messias aponta que «Nós somos a segunda ou terceira maior comunidade dentro do Second Life (…) Neste momento somos bastante importantes», referindo-se ao facto de Portugal ser um dos países pioneiros a ter a representação da presidência da república no SL.

Este conjunto de professores pretende, com base no seu projecto da ilha, promover ligações dentro do SL com outras universidades, para que estas possam também criar o seu espaço virtual.

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